Mais um dia se passa, repetitivo, como tantos outros. Por um instante eu senti como se cada pedaço de mim caísse lentamente no chão, os meus pensamentos se descolavam e uns iam pro coração, outras para a alma, que se encontrava lotada de sentimentos, uns bons, outros nem tanto. As vozes ao meu redor estavam embaralhadas nos meus sentidos, mas eram como alfinetas em meus ouvidos me pedindo: Grite!
Mas eu não gritei, mais um vez, e enrosquei-me suavemente no isolamento e fiquei ali por uns minutos, enquanto o grito de todas as minhas decepções e conclusões se abafavam dentro do meu peito, lutando contra as forças em que meus olhos faziam para se abrirem e encarar tudo de frente, sem medo. E lá está de novo, esse sentimento em que sempre que tudo que eu quero parece caminhar normalmente, aparece ele, me botando no abismo da indecisão, da solidão; pois bem ele é o medo, e sussurra lentamente para mim: covarde!
Isso me pega e faz com que todo meu ser estremeça, perdendo todo o solo da certeza. Algum tempo se passa e vejo raios iluminarem algumas partes de mim pelas brechas das cicatrizes, e esses raios são a esperança.
Ariane